Antes disso acontecer, eu era totalmente cético. Eu achava que
quando você morria, acabava por ai. Nada mais acontecia.
Tudo aconteceu quando eu tinha 17 anos. Na época eu morava em uma cidade do
interior de São Paulo. Eu tinha uma amiga que morava em uma casa que ficava do
lado de um cemitério. Os pais dela estavam sempre viajando a negócios, estavam
sempre em São Paulo ou no exterior, então a nossa turma sempre ia passar o tempo
na casa dela. O que era meio tétrico sobre o lugar é que a vista da casa era o
cemitério.
Numa noite estávamos todos realmente entediados, e lá na cidade tinha apenas
algumas poucas coisas que você podia fazer, até já ter feito tudo. Então nós
cinco decidimos ir brincar de evocar espíritos. Eu estava totalmente descrente
com a coisa toda. Nós ficamos zoando por um tempo, chamando pessoas como Raul
Seixas, os Mamonas Assassinas, etc, sem sorte nenhuma. Possivelmente por estar
frustrado e totalmente cético, eu chamei pelo 'Príncipe da Trevas'. Quase que
imediatamente, a sala ficou gelada, e estávamos no meio do verão. Não era como o
frio de uma brisa que passa pela casa, parecia mais que tínhamos entrado em um
freezer de açougue. Estava realmente frio. Por alguma razão, todos nós olhamos
para a porta da frente, que agora estava escancarada, apesar de termos fechado e
trancado ela quando entramos na casa. O que vimos era como se fosse uma sombra
de alguém, na parede, só que estava vindo na nossa direção, e estava vindo
rápido. Uma sensação horrível tomou conta da gente, então levantamos e saímos
correndo pela porta dos fundos. Quando saímos, sentimos o calor e a umidade do
verão. Um dos meus amigos voltou até a porta e colocou a mão dentro da casa.
Estava completamente gelada.
Nenhum de nós (incluindo a garota que era dona da casa) voltou para lá por
alguns dias depois daquilo. Eu deixei a cidade algum tempo depois e mantive
contato com os meus amigos desde então. Eles falam que as vezes vêem rostos nos
espelhos, sombras estranhas, coisas que se movem pela casa e coisas do gênero
desde aquela noite.
Gustavo - São Paulo - S.P.
